Transporte de cargas em Minas Gerais sofre com alta de custos

 Transporte de cargas em Minas Gerais sofre com alta de custos
Reoneração, reajustes e combustível mais caro pressionam as margens das transportadoras.

O setor de transporte rodoviário de cargas em Minas Gerais enfrenta aumento nos custos operacionais, segundo o Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística do estado (Setcemg). O principal fator é o fim da desoneração da folha de pagamento, que, para empresas intensivas em mão de obra, impacta diretamente a competitividade e a manutenção de empregos.

De acordo com o Setcemg, os custos podem subir até 5% até 2028. A entidade também aponta os reajustes salariais acordados em convenções coletivas, o aumento na mistura obrigatória de biodiesel no diesel, alterações na Lei do Motorista e exigências mais rígidas em seguros de carga como fatores que pressionam as finanças das empresas.

Em maio de 2025, o Índice Nacional de Custos do Transporte de Cargas Fracionadas (INCTF) subiu 0,13%, acumulando alta de 5,59% em 12 meses. Já o índice para Cargas Lotação (INCTL) teve queda de 0,27% no mês, mas ainda registra elevação anual de 4,49%.

O diesel S-10, principal insumo do setor, teve preço médio de R$ 6,244 por litro e variação anual de 0,24%. Apesar da estabilidade, o combustível segue como um dos principais componentes dos custos fixos.

Outro fator de preocupação é o aumento da mistura de biodiesel no diesel de 14% para 15%, anunciado pelo governo federal em junho e que entra em vigor em agosto. Segundo o presidente do Setcemg, Antonio Luis da Silva Junior, a mudança tende a agravar os custos de manutenção, que já haviam subido com a elevação anterior da mistura.

Estudo da NTC&Logística mostra que a vida útil dos filtros de combustível caiu pela metade, o que elevou em 7% os custos de manutenção por veículo e impactou em 0,5% o custo total das operações. Em frotas com 100 caminhões, isso equivale ao preço de um caminhão novo por ano.

Reajustes salariais também pesaram: motoristas e trabalhadores da logística tiveram aumentos de cerca de 9%, e as diárias de alimentação e pernoite subiram até 12,5%. Esses valores afetam principalmente pequenas e médias transportadoras.

As novas exigências relacionadas ao seguro de carga também contribuíram para o aumento dos custos. Segundo o Setcemg, além da legislação, há exigências impostas por contratantes que demandam apólices específicas, sistemas de monitoramento e gestão de risco, elevando os custos por viagem.

O presidente do Setcemg defende maior previsibilidade no setor e diálogo com o governo e o Congresso para evitar impactos negativos em toda a cadeia logística. Ele também aponta a necessidade de maior transparência entre transportadores e clientes para o repasse dos custos.

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Foto: Arquivo ANTT

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