Expectativa pela regulamentação da BR do Mar gera otimismo na cabotagem

Roberto Veiga, Diretor Comercial da Costa Brasil

Expectativa pela regulamentação da BR do Mar gera otimismo na cabotagem

Em sintonia com o mercado na expectativa pela regulamentação da BR do Mar, a legislação sobre a navegação costeira – cabotagem – a integradora multimodal Costa Brasil mantém a confiança no modal marítimo e afirma que a credibilidade desta logística cresceu na última década.

Hoje um modal consagrado tanto para grandes quanto pequenos produtores ou varejistas, a cabotagem teve um longo percurso para atingir esta condição. Com a experiência acumulada na multimodalidade e na navegação costeira de cargas, Roberto Veiga, Diretor Comercial da Costa Brasil, confirma a expectativa de expansão da atividade, mas diz que nem sempre foi assim.

“O Brasil tem um histórico muito grande no transporte rodoviário. É a nossa matriz de transporte. Quando a cabotagem começou a aparecer, algumas empresas achavam muito difícil trabalhar com a este modal. Não havia grande credibilidade nos serviços oferecidos. Hoje a realidade é bem diferente”, afirma.

Ele é um dos que estão otimistas com a promessa do Governo Federal, de regulamentação da BR do Mar. A intenção foi anunciada recentemente pelo ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, em seminário da Associação Brasileira de Cabotagem – ABAC com a Editora Globo.

Atualmente, segundo o Diretor Comercial da Costa Brasil, a cabotagem brasileira goza de muita credibilidade. “As empresas têm serviços semanais nos portos em que operam, com dias da semana programados, com horários e sempre tudo muito certo. Isso passa credibilidade. As empresas passaram a entender como funciona e investem. A regulamentação vai propiciar ambiente jurídico seguro para novos investimentos e certamente serão ofertadas mais embarcações, com mais rotas e mais terminais visitados regularmente, democratizando este acesso tão importante a produtores e distribuidores”.

Principais cargas de Norte a Sul

As cargas mais transportadas na cabotagem são variadas. Em princípio, pode ser qualquer volume que caiba em um contêiner, como eletroeletrônicos, bobinas de aço, produtos do agronegócio, petróleo bruto em barris, derivados, químicos orgânicos, soda cáustica, madeira, minérios ou veículos (motocicletas) produzidos na Zona Franca de Manaus.

Com operações logísticas de Norte a Sul do país, a Costa Brasil atua em Manaus/AM, com rotas regulares, entregando os mais variados produtos para o varejo. De Manaus para o Sul e Sudeste, a Costa Brasil leva principalmente produtos da siderurgia, como perfis metálicos, chapas, bobinas e vários outros.

No Amazonas, a Costa Brasil atende o grande varejo, como a rede Bemol, uma das maiores do setor na região Norte, entregando de brinquedos a utensílios domésticos. Ela opera com cargas semanais regulares por cabotagem.

A Costa Brasil movimenta mercadorias nos portos de Manaus (AM), Pecém (CE), Suape (PE), Salvador (BA), Vitória (ES), Itaguaí (RJ), Santos (SP), Paranaguá (PR), Itajaí (SC) e Rio Grande (RS) e tem abrangência com bases operacionais estrategicamente localizadas em Santos, Cubatão e Guarulhos (SP), Itajaí (SC) e Manaus (AM).

Personalização de serviços permite a expansão

Além dos investimentos dos armadores em navios, o crescimento da cabotagem depende também da experiência de empresas como a Costa Brasil. Em vários casos a logística da carga precisa ser viabilizada, principalmente quando se trata de uma conversão de modal. Essa operação requer estudo, projeto e empenho.

A logística de produtos de siderurgia é um exemplo. Este é um dos setores que proporcionaram à Costa Brasil uma especialização. A especificidade dos produtos, como volumes, pesos e formatos exige a personalização do serviço.

Roberto Veiga explica como funciona a personalização. “Hoje, temos uma equipe de mais ou menos dez pessoas dentro da fábrica de um cliente que trabalha com ferro e aço. Ele recebe o material bruto e industrializa; compra as bobinas e produz ferro e aço em vários formatos: chapas, cantoneiras, perfilados e diversos produtos. A nossa equipe recebe as peças na linha de produção, transporta para um pátio e estufa em contêineres. Estes contêineres são embarcados em caminhões e depois em navios, com fretes regulares já contratados”, afirma o diretor. A partir do porto de destino, a Costa Brasil faz a distribuição regional. “Esse é um desenho personalizado para um cliente”.

O detalhe, segundo Roberto, é que para a operação ser viabilizada a Costa Brasil investiu em inovação tecnológica, projetou e desenvolveu um equipamento especialmente para esta linha de produtos. “Hoje, na movimentação de ferro e aço, temos uma máquina que nenhuma outra empresa no mundo tem. Essa máquina foi desenvolvida e patenteada pela Costa Brasil. A máquina que criamos para a movimentação de ferro e aço traz redução de custo para o cliente e passa a gerar valor. Antes, um contêiner com esse tipo de produto demorava de três a quatro horas para ser estufado. Hoje, realizamos este processo em 25 minutos ou meia hora, no máximo”.

Setor cresce 11% em média anualmente

Conforme a Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem – ABAC, o crescimento da cabotagem brasileira nos últimos dez anos vem se mantendo numa média anual de 11%. No entanto, segundo a entidade, este número poderia ser ainda muito maior. É o que explica Luís Fernando Resano, Diretor Executivo da ABAC. “Em 2012 foram transportados 546 mil TEUs enquanto que em 2022 este número saltou para 1,2 mi, segundo dados que coletamos de nossas empresas associadas”.

Ele afirma que as empresas estão ávidas pelo crescimento da economia brasileira e por uma procura maior pela cabotagem. “Nós podemos ser a solução do maior equilíbrio da matriz de transportes e redução de emissão de gases de efeito estufa e carbono. Queremos que mais usuários entendam a cabotagem para sermos a solução e não o problema. A cabotagem está pronta para atender novos clientes. Não faltam navios e temos condições de trazer mais embarcações rapidamente se houver maior interesse dos usuários”, disse o Diretor da ABAC.

Conforme a entidade, em dez anos foram adquiridos em torno de 20 embarcações que estão registradas com bandeira brasileira, um investimento da ordem de R$ 3,5 bilhões.

“Um dos fatores de crescimento do transporte de contêineres na cabotagem foi a maior oferta de serviços porta-a-porta, ou seja, a multimodalidade. Isto tem deixado o cliente cada vez mais tranquilo e se livra de uma enorme burocracia, além de ter a segurança de que seus prazos serão atendidos. A existência de OTMs (Operadoras de Transporte Multimodal) que utilizem uma parte do transporte marítimo é muito importante”, afirma.

Para a Costa Brasil, que confia na importância de seus investimentos para o desenvolvimento da cabotagem, a visão da ABAC é animadora.

Foto: Divulgação

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