Multimodalidade deve elevar eficiência no escoamento de grãos

Multimodalidade deve elevar eficiência no escoamento de grãos

Em recente estudo realizado pelo pesquisador do Grupo ESALQ-LOG, Fernando Vinícius da Rocha, intitulado “Análise de eficiência dos projetos de investimento em infraestrutura multimodal para o transporte de soja no Brasil”, foram observados dados de grande relevância para o cenário logístico do País. A pesquisa, resultado da tese de conclusão de doutorado da Universidade de São Paulo, levanta informações a respeito da redução de custos de transporte de soja no Brasil após a realização de investimentos em infraestrutura multimodal, apresentando uma análise comparativa de projetos como o da expansão da Malha Norte, a Ferrogrão, FNS, FICO, FIOL, entre outros.

O estudo analisa a eficiência dos projetos, descrevendo comparativos entre os casos a partir do uso de variáveis de cunho econômico, ambiental e social, determinando uma classificação entre os projetos e uma espécie de “lista de prioridades” para investimentos do governo e de agentes da cadeia produtiva. Segundo o pesquisador, os cenários vinculados ao projeto da Ferrogrão, por exemplo, são os mais benéficos em termos das reduções potenciais dos custos e das emissões de CO2 das operações de transporte de soja no Brasil, além da maior redução da dependência do modal rodoviário.

Em termos de custo de transporte, por exemplo, Rocha indica uma redução entre 6,34% e 9,65%, na versão estendida do projeto da Ferrogrão, até a cidade de Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso; tal percentual significa uma redução de R$715,22 milhões a R$1.088,16 milhões por ano. Situação parecida é observada no projeto da FICO até o mesmo destino, em Lucas do Rio Verde, integrado com a FNS: 4,62%, resultando em R$520,59 milhões por ano. Outro dado relevante apontado no estudo é a redução nas emissões de CO2 , que atingem a marca de 9,92% e 16,04% menos do que o emitido atualmente, no caso de Ferrogrão, e 7,89% no Projeto da Ferrovia Paraense entre Santana do Araguaia (PA) e Marabá (PA) adicionado à Hidrovia de Marabá.

Além destes fatores, Rocha ressalta ainda outro dado determinante: a utilização de toda a capacidade de movimentação, condição que também foi observada nos projetos de expansão da Malha Norte e do trecho hidroviário entre Marabá (PA) e Barcarena (PA). No caso dos projetos relacionados à Ferrovia Norte-Sul (FNS) e à Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO), que têm como característica principal a movimentação de maiores volumes de soja captados pelos terminais de transbordo, o estudo define tais projetos como os mais benéficos sob a ótica das variáveis de caráter social.

De acordo com Rocha, o grau elevado de eficiência é observado no projeto de expansão da Malha Norte. A discussão dos resultados também mostra elevado grau de eficiência econômica, técnica e ambiental no projeto para o desenvolvimento da hidrovia de Marabá (PA). “Esse cenário se mostrou eficiente e relevante em todas as variações propostas para o modelo de eficiência, indicando que faz sentido o direcionamento de políticas públicas para o desenvolvimento do transporte hidroviário nessa região”, indica o pesquisador. Rocha ressalta ainda que investimentos na Ferrovia Norte-Sul e na Ferrovia de Integração Centro-Oeste também apresentam importância significativa, além de apresentar uma série de destaques ao projeto da Ferrogrão.Em suma, o estudo indica que os projetos de expansão da Malha Norte, da hidrovia de Marabá (PA), da Ferrovia de Integração Centro-Oeste e da Ferrogrão são os mais indicados a serem pautados entre as prioridades para o desenvolvimento de novas infraestruturas multimodais para o transporte de soja no País. 

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