Logística de grãos no Brasil: estudo aponta gargalos e propõe soluções com tecnologia

 Logística de grãos no Brasil: estudo aponta gargalos e propõe soluções com tecnologia
Relatório da Nstech indica que infraestrutura deficiente e dependência do transporte rodoviário impactam escoamento da safra. Uso de tecnologia é apontado como alternativa viável.

O Brasil se prepara para uma safra recorde de grãos em 2024/25, com previsão de 332,9 milhões de toneladas. Apesar do crescimento da produção, a logística segue como um dos principais desafios do agronegócio nacional. A dependência do transporte rodoviário, filas em terminais e infraestrutura insuficiente dificultam o escoamento e aumentam os custos.

A Nstech, empresa dedicada à área de supply chain, divulgou a primeira edição do relatório “Retrato da Logística de Grãos do Brasil”, analisando os principais gargalos e sugerindo o uso intensivo de tecnologia como caminho mais imediato para melhorias.

Segundo o estudo, 69% do escoamento de grãos ainda ocorre por rodovias, enquanto ferrovias respondem por 22% e hidrovias por apenas 9%. Essa concentração gera desequilíbrios, como alto custo de frete, imprevisibilidade nas entregas e maior impacto ambiental. Estima-se que o setor agrícola opera com 70 mil caminhões além do necessário, reflexo da baixa eficiência logística.

O relatório também aponta que o avanço na tecnologia tem possibilitado ganhos de eficiência. Entre os recursos implementados estão rastreamento em tempo real, agendamento de cargas, indicadores de desempenho e soluções para visibilidade logística. Segundo Thiago Cardoso, diretor de Agronegócio da Nstech, essas ferramentas aumentaram em até 40% a capacidade de escoamento em terminais portuários.

Na matriz de transporte, a participação ferroviária apresenta crescimento modesto. Entre 2010 e 2020, o volume de soja transportado por trens subiu de 20,1% para 22,8%, enquanto a produção saltou de 14 para 28 milhões de toneladas. A malha ferroviária ativa continua limitada: apenas um terço está em operação, concentrado em quatro operadoras.

No modal hidroviário, houve avanços, principalmente na região Norte. A participação subiu de 8% para 13% entre 2010 e 2023, com destaque para projetos nos rios Paraguai, Madeira, Tapajós e Tocantins. Ainda assim, o potencial segue subutilizado.

O Arco Norte, que reúne portos como os de Barcarena e Itaqui, passou de 12% das exportações em 2010 para 35% em 2024. O Arco Sul/Sudeste também deve crescer, com investimentos em infraestrutura e terminais nos estados de Goiás e Minas Gerais.

A armazenagem é outro ponto crítico. Enquanto os Estados Unidos conseguem armazenar até 150% da produção, o Brasil fica entre 60% e 70%. Uma pesquisa com mais de mil produtores mostra que 61% não possuem estrutura própria. Como solução temporária, cresce o uso de silos bolsa, presentes em 19% das propriedades.

A navegação por cabotagem também enfrenta obstáculos, como a exigência de embarcações nacionais e barreiras regulatórias. Mesmo assim, o modal é visto como promissor por sua eficiência e menor impacto ambiental.

Para a Nstech, a solução para os gargalos passa por três frentes: infraestrutura, armazenagem e tecnologia. Como os dois primeiros dependem de altos investimentos e prazos longos, a tecnologia se destaca como o caminho mais acessível e imediato para tornar a cadeia logística do agronegócio mais eficiente e competitiva.

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Foto: Divulgação

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